Imperativos dão um tom de sabedoria à fala. Sabedoria impõe certa responsabilidade. E responsabilidade me pesa os ombros. Conclui. Estado: Sendo leve. Como as asas desses passarinhos que vivem na cidade e ninguém percebe.
Mentes no menu automático enquanto roupas etiquetadas são penduradas como um troféu de consolo. Tenho pena.
Repetições de maiorias entregues à bandeja facilitam e brindam a uniformização cultural lucrativa. Tenho pena.
A muralha cansou de ser muralha. Logo ela, que parecia tão satisfatoriamente fixada. Virou monumento histórico. Tão lindo e emocionante seus muros atingídos pelos socos do tempo, que no seu caso passou acelerado. Uns tijolos caídos, a cor desbotada, e toda a poesia de uma história de batalhas escondia um silencio até então contemplativo. Ela nunca deixou de ser muralha e sequer almejou destino diferente. Com uma sutil resignação de se ser o que é, acostumou-se.
Mas dia desses percebeu o horizonte e foi despertada:
Não consigo dormir e viro a cabeça. Abro os olhos e leio a página marcada do livro que nunca saiu dalí. Está escuro, então meus olhos se fecham. E penso que quero mesmo é mergulhar nesses livros que parecem que nos lêem. Acariciar de leve suas páginas e minhas angustias. Ou, numa segunda opção, quero querer menos. Mudar o compasso dessa vida retalhada. Viver de alternativas concretas. Poesias só servem pra embelezar a vida com aquilo que a vida não tem. Mas ninguém avisou que beleza não se inventa. E eu aqui, cada dia mais feia arrumadinha.