quarta-feira, 2 de dezembro de 2009


Fizeram-nos acreditar que o que eles dizem que é, é o que tem que ser. Fizeram-nos acreditar que calados somos pacíficos e obedientes. Fizeram-nos acreditar em concepções, ideais e doutrinas que só servem pra colocar sujeira embaixo no tapete. Fizeram-nos acreditar em uma verdade contraditória e nos abrigaram a aceitá-la de boca fechada.
Nos cegam o tempo todo e poucos percebem. E aqueles corajosos, que tiveram a ousadia de tirar a venda foram chamados rebeldes. Mas pouca coisa pode ser feita.
E foi assim, retrucando, que me mandaram calar a boca e aceitar. Foi assim, ameaçada, que eu engoli a seco, levando junto a vontade de jogar tudo pro alto e voltar atrás. Porque eu vejo tanta coisa errada disfarçada de coisa certa, tanta coisa invertida e do lado do avesso que fica difícil manter o silêncio. Mas mesmo depois de tentativas de desabafo eu me calo e simplesmente aceito. Porque pouca coisa pode ser feita.
E “aceitar” já tá ficando chato, nesse texto e aqui, no meu mundo.

E pra consolar a minha admiração pelos revolucionários e seus corajosos discursos eu falo. Mas não falo tudo, só Deus sabe o turbilhão de gritos que andam entalados na minha garganta.
Mas quando se é reprimida não há muitas opções a se escolher, digam isso os escravos que à açoitadas eram obrigados a entregar sua liberdade de mão beijada. Ou melhor, mãos sangrando, pois pouca coisa podia ser feita.

Ai é que se descobre que só se é revolucionário quando não tem sua pele em jogo, porque no palanque, protegido de qualquer ataque é muito fácil. Ideais nunca estão a frente de si mesmo. Mas ai tem o outro lado da história, que muita gente sabe mas quer tapar os olhos: Ditadura calou mas nunca convenceu ninguém.
Porém passarinho engaiolado também canta. Nem que seja assim, num texto disfarçado, mas canta.
Fizeram-nos acreditar.
Tentaram me fazer acreditar.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Não, não é fácil.


Acordar cedo e não te ligar pra você não perder a hora da escola e não ouvir tua voz que quase não sai assim que você acorda está acabando comigo.
Chegar na escola sabendo que na minha frente vai sentar qualquer pessoa, não você. Você não vai virar pra trás pra ouvir minhas abobrinhas no meio da aula, nem eu vou poder falar mal das pessoas que me irritam com a sinceridade que, se não fosse você quem estivesse ouvindo, me sentiria uma maluca.


E eu to aqui, colecionando idéias fúteis, idiotas e bobonas a serem postas pra fora, porque você não ta aqui pra me ouvir, e coisas assim eu só falo pra você. Achar desenhinhos nas nuvens, chorar a toa em filmes romantiquinhos, rir a tarde inteira no telefone da minha vizinha que anda de calçolão pela casa, não tem mais teus olhos compreensivos.

Também não vai ser fácil fugir dos palhaços que dão em cima da gente por ai, porque na companhia de mais quem além de ti vou ser tão cara-de-pau? : "Sorry man, i don´t speak portugues, sorry". Tudo bem que nossa cara super-nativa nunca enganou neguinho nenhum, mas já nos safou de tantas.

E mesmo quando eu quebrei tua cama desesperada e te fiz ficar acordada de madrugada até achar aquela barata, porque eu tenho super-pavor a baratas, mesmo você me odiando durante aqueles minutos você me dava “boa noite amiga” e ficava tudo bem. E eu odiava o fato de você ser sempre a primeira a dormir, e você odiava o de eu ficar tagarelando de madrugada. Não é fácil não ver você rindo da minha gargalhada e eu rindo do teu mal humor matinal. Também não é fácil passar a semana sem bolar nosso super-fim-de-semana que sempre ultrapassava o ultimo em nível de melhor fim-de-semana da minha vida.

Eu nunca te falei isso, mas eu adorava quando a gente brigava e as nossas brigas não duravam 1 hora. Por culpa toda e completamente tua, porque tu tens a droga do dom de sempre sorrir pra mim pedindo desculpas, e eu a orgulhosa sempre me auto-renunciava. Lembra daquele dia em que a gente voltou pra casa juntas sem falar uma palavra porque tínhamos brigado e você quando virou na sua rua, lá naquele sinal, mandou um coração pra mim? E eu ri do meu orgulho insignificante e senti tanto, mas tanto amor por ti que voltei pra casa desejando que você fosse eterna.

Não é fácil ter que rechear meu tempo com coisas legais pra fazer o dia ter graça. Porque quando você estava aqui não era assim, só precisávamos uma da outra e o mundo inteiro se fazia azul.

E com tantas pessoas acostumadas com a fugacidade das amizades superficiais, e com tantos sorrisos obrigatórios recheados de falsos “eu te amo”, eu hoje cheia de opções para novas amizades acho tudo muito hipócrita e sem graça.


Hoje pecando pelo excesso de carência quero mesmo é te ligar e dizer que sinto tua falta.

domingo, 13 de setembro de 2009

Utopicamente realista.


Aranhas desenham suas teias. Como numa busca incansável, procuram as medidas exatas para construir o seu lugarzinho, assim como os pássaros que constroem seu ninho. Cada milímetro quadrado projetado de si para si. Porque só aranha sabe o que aranha quer. Só pássaro sabe o que pássaro quer.

Hoje peguei-me pensando em meu lugarzinho. Sem muitas obsessões, falo do mínimo necessário pra eu me sentir dona de mim.
Seria essa busca uma utopia?
Porque por mais que digam que somos seres adaptáveis, eu sigo a teoria da inadaptação. Se é lei da natureza pássaro no ninho e aranha na teia, porque eu, ser capaz e racional tenho que me adaptar ao que não me pertence?

É quando então alguém toca no meu ombro e me constata que a procura do ideal é uma concepção ilusitória.
O que é ideal hoje, Raíssa, amanhã não vai ser. Porque também é natureza humana nunca estar satisfeito. Seja Deus em dias de domingo que você vai me entender. Acorda pra realidade!
É então que eu digo: I always want more. Até aceito as conseqüências da frustração, porque mesmo sabendo que não existe céu que não tenha céu, antes a frustração por algo batalhado do que o arrependimento de nunca ter ido a guerra.

Alguém há muito tempo atrás mostrou que eu posso ser o que eu quiser. Tenho o poder nas mãos. Eu posso! Dizer isto me faz dona do mundo. E não adianta vir com essa estória de ficar na zona de segurança porque não foi pra estar cercada de grades ou alarmes que eu nasci. Se meu ninho for a 500.000 pés, é pra lá que eu vou.

Porque se tem uma coisa que é indiscutível é : em ninho não habita aranha, ou habita?

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Eu gosto mesmo é de vida real.



Sentir falta tem me tomado muito tempo, mas nessas reflexões acabei chegando a uma conclusão: Internet não é o lugar mais interessante do mundo. Agora, é nada mais do que o ultimo lugar coberto no meio de uma chuvarada. Na hora do desespero, ‘vai esse mesmo’.
Tô falando disso porque com o tempo a gente vai percebendo que gente de carne e osso não entra numa telinha de computador. Com o tempo a gente aprende a reinvidicar o ao vivo, o abraço forte que budde poke nenhum faz igual. E acabamos entrando no clube do pessoalmente, dos não online.


Vamos ao meu exemplo. Em Recife eu tinha todos a passos de mim. Entre aquela facilidade de se tombar com meio mundo e a vontadezinha de não tombar eu até acabava evitando certos lugares em dias de tô pra ninguém. Hoje arrependo-me aos montes por cada estratégia montada pra fugir das tias-avós que nos alugam pra falar da dor de coluna.
Hoje aprendi a me contentar em ver minhas primas pela web, meus irmãos por fotos e apenas ouvir a voz da minha mãe. É como ter fome e um banquete na sua frente sem poder tocar em nada, no máximo sentir o cheiro te provocando.

E agora mais do que ninguém sou a favor da teoria do mutualismo. Porque pra começo de toda a história, foram necessários dois. Uma via de mão dupla, uma conexão, dois corações batendo juntos. Adão e Eva existindo pra comprovar que o mundo não vai pra frente sozinho.

Só sei que aprendi a lição e tenho aqui guardado os abraços e carinhos que torturantemente ficaram só na vontade e se perderam na distância. Tenho aqui uma vontade louca de tombar com a tia avó do meu vizinho e ouvir ela falar da dor de coluna que incomoda, mas no final ganhar um “que bom que te encontrei”.

O calendário diz que faltam 4 dias, a música tá na minha cabeça, só falta cantar e partir pro abraço.


Voltei Recife, foi a saudade que me trouxe pelo braço.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Pessimismo

O céu tá azul, mas parece que só eu estou vendo a tempestade.

Alguém me dá uma bomba pra explodir todos os estados e trazer São Paulo pra bem pertinho de mim?

Melissa vai se mudar, e as coisas por aqui não vão nada bem, o negativismo tá reinando, logo agora que eu deveria passar força com um tom imbatível e dizer que nada vai mudar e que o tempo não vai criar artrizes entre nós, ainda assim só vejo ele ditando nossa amizade daqui pra frente.
Talvez acreditar em papai noel fosse mais fácil.

A vida dá voltas, pulos e piruetas, e eu tô quase como bailarina desengonçada e perdida no espetáculo.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Sem título.


Eu tô no embalo.
Mudando o tom.
Sainda da estrada.
Eu tô sem tá.
Me lixando pra acentos, formalidades, combinações de bege com cor de abóbora.
Eu quero o que me interessa.
Ponto.

Quero que meu pai e minha mãe sejam eternos. Quero o livro que eu devolvi sem terminar. Quero menos falsidade, menos falsidade e... já falei menos falsidade?
Eu quero minhas primas mexendo no meu cabelo. Quero meus irmãos no quarto do lado. Quero São Paulo e Recife a um passo daqui. Quero acabar com a distância, mas contraditoriamente quero mandar gente pra Marte, pra bem longe de mim, por favor.
Quero chocolate amargo sem dar espinha. Quero que o politicamente correto vá se ferrar. Quero espaço pra minha inconstância.

Quero o que não devo ter.
Quero o que não posso ter.
Quero o que não presta.

domingo, 3 de maio de 2009

Pé no chão


O chão sempre significou muito pra mim. Chão é o ultimo ponto que ninguém ousa ultrapassar. É aquela superfície que te acorda quando o sonho tava bom e você caiu da cama. E que, como notícia de previsão de sol em feriado, é a segurança. Sustenta tuas danças desengonçadas, teus passos tortos.
Porque por mais que as intenções sejam sempre boas, a gente às vezes entorta um pouco o curso que deveríamos tomar. Talvez por rebeldia, impulsão, coragem. A soma de tudo aquilo que te faz querer evoluir, sair da amarga mesmice que só te aprisiona a um futuro ditado.

Eu não quis um futuro ditado. Optei pela emoção da contramão, que, como toda novidade, tinha lá seu risco. Assinei meu nome, recebi o embrulho – imbróglio –. Problema é quando tem capa pintada de cheiro bom, a gente gosta, aperta play e seja o que Deus quiser.

É quando vem o outro lado da moeda: as coisas vão mal, e eu escolho
não ir junto com elas. Aperto stop. Sangra, cicatriza, aprendo.

Ai eu me lembro do alicerce. Respiro fundo, renovo as armaduras e olho pra baixo.
Do chão não passa.

quarta-feira, 29 de abril de 2009


"Eu me tranquilizei dizendo-me que o que fazíamos não é um empreendimento tão isolado e tão arrojado. No entanto, não é que o trabalho seja fácil. Por quê? Porque, por uma singular fatalidade, todo empreendimento humano, e especialmente os empreendimentos difíceis, tendem sempre a uma recaída, por causa desta alguma coisa de misteriosa que se chama a preguiça."(Lacan, 1955-1956)





Cama, te pertenço!

domingo, 12 de abril de 2009

Meu porteiro.


Dizem por ai que felicidade é contagiante. Dizem por ai que bons ares geram bons ares. Eu agora entendo.

Agora, vejam vocês como uma situaçãozinha cotidiana pode influenciar mundos.

Meu porteiro. Todas as manhãs lá estamos nós: eu, meu sono e o meu “bom dia” xôxo, cumprindo mais uma rotina: go to school. Mas peraê rotina quando é surpreendida é sinal de novidade. E, se vocês não sabem, saberão agora, eu amo novidade! E amo mais ainda novidade quando é realmente inovada, não do tipo de “oi, comprei um carro novo”, mas “oi, comprei um carro laranja!”. Novidades e rotinas a parte, meu porteiro continuava lá, provavelmente tão cansado quanto eu, mas com certeza muito mais esperto do que quem vos fala: ele não se deixou levar.

Confesso que na primeira vez que nos tombamos pensei que sua reação fosse conseqüência - 4 anos pra me adaptar, hein - de um dia bom, vai saber. No terceiro dia estava já chegando a conclusão de que ele era meio maluco, vai saber. No quinto ele estava dando em cima de mim, vai saber. E eu, insistindo na idiotice de julgar, se querem realmente saber.

Isso tudo, porque meu porteiro tem um bom humor invejável. Enquanto o meu ‘bom dia’ terminava com um ponto, o dele com 10 exclamações, e um sorriso de brinde. E mesmo com a má educação matinal rondando os ares, ele com golpes de gentileza ainda insiste em ser miseravelmente agradável. Ai, pisou em mim feito seu madruga no chapéu. Droga, como ele consegue?

E sinceramente acho isso uma baita lição. Vivemos em um mundo em que se você não está na moldura daquilo que chamam de normal, você pede pra ser subjulgado por olhos gordos. Porque como dizia vovó Judá, quase sempre no fundo de um julgo habita uma pontada de dor de cotovelo.

Quer entrar na moldura da normalidade?
Siga as regras da rendição.
Dance, mas se possível com um copo na mão pra não perder o controle. Ria, mas ria baixo. Cante, mas nada de ultrapassar os decibés permitidos. Ah, e o sorriso tá largo demais, vai saber o que vão pensar, né.

HAHAHA, como se felicidade fosse algo controlável.

Alguém quer cantar na chuva comigo?

quarta-feira, 8 de abril de 2009

What romance is.

Margarida has a strange appeal
Sways between suitors on a broken heel
Of course her desires they always mistook
She'd rather've been scarred than be scarred with loathe

In conversation she often contends
Costumes build customs that involve dead ends
She found her courage in a change of scene
This Sunday's social would be short its queen

All her best years spent distracted
By these tired reenactments
With the right step she'll try her chances
Somewhere else

There he is a step outside her view
Reciting the words he hoped she might pursue
Night upon night a faithful light at shore
If he'd only convince his legs across the floor

Please, don't watch me dancing
Oh no, don't watch me dancing

Something changes when she glances
Enough to teach you what romance is
With the right step they try their chances
Somewhere else.


(Don´t watch me dancing - Little Joy ) clica!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Segredo


Engraçado, olhar as estrelas sempre me fez sentir uma sensação rara de estar no lugar certo. Não sei se é porque olho as estrelas quando tenho um bom motivo e uma boa inspiração, e, consequentemente as circunstancias estão sempre boas, mas olhá-las é quase como uma terapia, terapia da boa situação. Me faz acreditar que tá bom demais, e sim, é verdade!

Enquanto as admiro, lembro-me da historinha que minha mãe contava quando alguém morria. Ela dizia que logo em seguida Deus iria escolher um lugar no meio da imensidão do céu para ser seu e virariam estrela. E a partir daí passariam a brilhar para sempre. Se tivessem sorte, encontrariam alguém aqui na terra para admirá-las.

E esse era o desejo de todas as estrelinhas, encontrar alguém que parasse um pouco na vida, e apreciasse essa outra vida, bem mais imensa, luminosa e eterna. E assim que a estrelinha conseguisse um admirador, passaria a ele pelo brilho da luz, um segredo, uma inspiração, a coisa mais bonita que ela já descobriu.

Hoje, já crescida e cética das historinhas da mamãe, penso que nessa deve ter um quê de verdade. Não tão fantasioso assim, mas na mesma essência. Hoje, prefiro não pensar muito na biologia das estrelas. Hoje, quero acreditar, e com a velha inocência do meu lado. Aquela que mantinha meus olhos brilhando e o mundo a minha volta. Hoje, definitivamente quero acreditar que o mundo é lindo, maravilhoso e cheio de estrelinhas.


Acho que os poetas costumavam ver muitas estrelas no céu.
Quer saber? Quero encontrar a minha.


Passei a olhar um pouco mais pra janela, pras pessoas que passam e pra natureza. A vida é boa demais pra ser passada despercebida. A vida é isso, é aquilo, e não importa, a vida está sempre perto. Talvez falte só a nossa iniciativa, o nosso primeiro passo. E ponto, olhos atentos.


"Look at the stars,
Look how they shine for you,
And all the things that you do."

(Coldplay - Yellow)

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Sainda da moldura



“Ah é? É assim que funciona? Ta né, tudo bem.”

Como tudo bem, se estamos diante do mais infeliz circulo vicioso da atualidade? Como? Talvez em matéria de inconformidade eu peque pelo excesso, mesmo não entendendo qual a regra que determina o tal limite. Mas não tem jeito, gosto de pensar nisso como algo bom, mesmo que só funcione daqui pra dentro, onde o meu grito inconformista realmente faz eco, e toma uma proporção absurdamente refletida. Tenho pisado em muitos calos por aí e levado muitas rasteiras por conta disso, mas agradar aos outros com os meus pensamentos não está nos meus planos, e dançar conforme a música também não.

Lá vai.
Foi-se o tempo em que autenticidade era coisa fácil de encontrar. Foi-se o tempo em que inteligente era adjetivo louvável e cobiçado. Foi-se o tempo em que fruta era meramente uma fruta, melancia era meramente uma melancia, cachorra era a namorada do cachorro e mulheres eram meramente mulheres, que valiam muito mais do que a quantidade de carne no traseiro e até onde ela consegue rebolar. Foi-se o tempo em que revisão de caráter estava acima da revisão do guarda roupa. Foi-se o tempo em que dinheiro, popularidade, bunda grande, roupas de moda e consumo andavam bem distantes da capacidade mental e da quantidade de neurônios ativos.

Foi-se o tempo em que a hipocrisia da mídia não servia de bússola para nossas vidas e nem ditava nossas opiniões. Foi-se o tempo em que revistinha de menino era gibi, e playboy era um nome desconhecido na infância. Foi-se o tempo em que a nerdzinha da sala que perdeu tanto tempo lendo tinha lá seus merecidos aplausos.
Estamos no tempo em que tempo pra futilidades é o que se tem de sobra.
Devemos estar andando muito distraídos, porque eu não sei o que nos deu pra tanta inversão de valores. Eu não sei o que nos deu pra tanta adaptação, tanta camuflagem.
Camaleão pra mim é bicho.
Mais que uma rebelde sem causa, sou uma rebelde com motivações. E conhecimento pra mim é combustível inesgotável.


"De nada adiantam o brilho e a vontade de mudar de sua mente, se não brilha em sua garganta a coragem de gritar." (Lendro Scavacini)

sábado, 17 de janeiro de 2009

Ele não se rende


E novamente lá estava ela, malas, coração e incertezas ela levava consigo. O seu otimismo convincente sobre o futuro permitia a ela um olhar averso das coisas, apesar das intensas mancadas que a vida lhe dera. Mas o que ela não sabia era que aquele olhar que mudaria tudo, por ser simplesmente tão fora de lógica e tão incomum. Ela olhou pra primeira estrada do seu novo mundo e ao invés de buracos viu oportunidades. A estrada era como qualquer outra, mas aqueles caminhos tão desconhecidos despertavam nela uma força de vontade que ardia como a chama do recomeço. E lá estava a menininha, recomeçando e apreciando as flores do caminho.


Eu e meus textos sem contexto.

2009. U-A-U.
Como dizia Carlos Drummond, "dividir" o tempo assim em "fatias", além de melhor nos orientar, dá-nos o privilégio do recomeço. A cada ano que surge, a gente quer queira ou não escapole essa palavrinha tão milagrosa. “Recomeçar”. Com um ato sutil, ela nos impulsiona, nos reavive, a esperança muitas vezes escondida durante muito tempo do ano que se passou, dá novamente o seu ar da vida, literalmente.


Quem aqui nunca em começo de ano pensou em novos –ou até mesmo persiste novamente naqueles- alvos, metas e objetivos? Depois de muito meu pai insistir, finalmente me rendi ao planejamento. Escrevi duas páginas de alvos para 2009 e rezei por elas. Os olhos não só se fecharam como apertaram.

Desejei, acreditei. Um otimismo convincente veio a mim, me rendi a rara sensação de que vai dar tudo certo e descansei os braços. O coração, esse não descansa, continua o mesmo. Impulsivo, mandão e atleta. Que mesmo vendo sentido na lógica, não consegue sentir com ela. Uns tombos estão inclusos nessa minha estrada guiada por ele, mas gosto de pensar que valeu a pena cada arranhão.

E enquanto meu lugarzinho nesse mundo vai sendo achado, apreciar as flores do caminho é a melhor alternativa. Deixo a razão de lado e sinto não mais com o nariz o perfume das flores. O coração novamente falou mais alto.
E Feliz 2009 para nós! (: .