sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Sainda da moldura



“Ah é? É assim que funciona? Ta né, tudo bem.”

Como tudo bem, se estamos diante do mais infeliz circulo vicioso da atualidade? Como? Talvez em matéria de inconformidade eu peque pelo excesso, mesmo não entendendo qual a regra que determina o tal limite. Mas não tem jeito, gosto de pensar nisso como algo bom, mesmo que só funcione daqui pra dentro, onde o meu grito inconformista realmente faz eco, e toma uma proporção absurdamente refletida. Tenho pisado em muitos calos por aí e levado muitas rasteiras por conta disso, mas agradar aos outros com os meus pensamentos não está nos meus planos, e dançar conforme a música também não.

Lá vai.
Foi-se o tempo em que autenticidade era coisa fácil de encontrar. Foi-se o tempo em que inteligente era adjetivo louvável e cobiçado. Foi-se o tempo em que fruta era meramente uma fruta, melancia era meramente uma melancia, cachorra era a namorada do cachorro e mulheres eram meramente mulheres, que valiam muito mais do que a quantidade de carne no traseiro e até onde ela consegue rebolar. Foi-se o tempo em que revisão de caráter estava acima da revisão do guarda roupa. Foi-se o tempo em que dinheiro, popularidade, bunda grande, roupas de moda e consumo andavam bem distantes da capacidade mental e da quantidade de neurônios ativos.

Foi-se o tempo em que a hipocrisia da mídia não servia de bússola para nossas vidas e nem ditava nossas opiniões. Foi-se o tempo em que revistinha de menino era gibi, e playboy era um nome desconhecido na infância. Foi-se o tempo em que a nerdzinha da sala que perdeu tanto tempo lendo tinha lá seus merecidos aplausos.
Estamos no tempo em que tempo pra futilidades é o que se tem de sobra.
Devemos estar andando muito distraídos, porque eu não sei o que nos deu pra tanta inversão de valores. Eu não sei o que nos deu pra tanta adaptação, tanta camuflagem.
Camaleão pra mim é bicho.
Mais que uma rebelde sem causa, sou uma rebelde com motivações. E conhecimento pra mim é combustível inesgotável.


"De nada adiantam o brilho e a vontade de mudar de sua mente, se não brilha em sua garganta a coragem de gritar." (Lendro Scavacini)

sábado, 17 de janeiro de 2009

Ele não se rende


E novamente lá estava ela, malas, coração e incertezas ela levava consigo. O seu otimismo convincente sobre o futuro permitia a ela um olhar averso das coisas, apesar das intensas mancadas que a vida lhe dera. Mas o que ela não sabia era que aquele olhar que mudaria tudo, por ser simplesmente tão fora de lógica e tão incomum. Ela olhou pra primeira estrada do seu novo mundo e ao invés de buracos viu oportunidades. A estrada era como qualquer outra, mas aqueles caminhos tão desconhecidos despertavam nela uma força de vontade que ardia como a chama do recomeço. E lá estava a menininha, recomeçando e apreciando as flores do caminho.


Eu e meus textos sem contexto.

2009. U-A-U.
Como dizia Carlos Drummond, "dividir" o tempo assim em "fatias", além de melhor nos orientar, dá-nos o privilégio do recomeço. A cada ano que surge, a gente quer queira ou não escapole essa palavrinha tão milagrosa. “Recomeçar”. Com um ato sutil, ela nos impulsiona, nos reavive, a esperança muitas vezes escondida durante muito tempo do ano que se passou, dá novamente o seu ar da vida, literalmente.


Quem aqui nunca em começo de ano pensou em novos –ou até mesmo persiste novamente naqueles- alvos, metas e objetivos? Depois de muito meu pai insistir, finalmente me rendi ao planejamento. Escrevi duas páginas de alvos para 2009 e rezei por elas. Os olhos não só se fecharam como apertaram.

Desejei, acreditei. Um otimismo convincente veio a mim, me rendi a rara sensação de que vai dar tudo certo e descansei os braços. O coração, esse não descansa, continua o mesmo. Impulsivo, mandão e atleta. Que mesmo vendo sentido na lógica, não consegue sentir com ela. Uns tombos estão inclusos nessa minha estrada guiada por ele, mas gosto de pensar que valeu a pena cada arranhão.

E enquanto meu lugarzinho nesse mundo vai sendo achado, apreciar as flores do caminho é a melhor alternativa. Deixo a razão de lado e sinto não mais com o nariz o perfume das flores. O coração novamente falou mais alto.
E Feliz 2009 para nós! (: .