terça-feira, 16 de março de 2010

Acordei e... acordei de novo.




São 7:00 da manhã e eu acordo com disposição pra levar um caminhão.
Não despertei durante a noite pra fazer xixi e hoje sonhei que flutuava pelo mundo sem direção. O sol é forte, mas faz frio suficiente pra passar o dia de pijama e meias, que virou a nova moda da estação, apesar de estarem todos pouco se lixando pra isso.
Minha mesa amanhece posta com uma infinidade de pães de queijo, kiwi, chocolate, e massa de bolo, que agora posso comer tranquilamente porque meu organismo adquiriu um metabolismo que transforma gordura em água. Na minha porta, presente do Jude Law: todos os filmes do mundo em tamanho compacto.
Vejo minha cama se arrumar com o movimento do vento. As louças sujas viraram estrelinhas e hoje eu tenho todo tempo do mundo. No jornal, as notícias: Física abolida do sistema escolar, ricos dividindo suas casas com os pobres e políticos corruptos agora lavam o chão da rua. Uma nova pangéia deixa o Rio ilhado a Recife, França e Nova Zelândia e os maus humorados migram para o oriente. Los hermanos voltou e Jeff Buckley não morreu.

Vou para o ballet com o meu pé que continua lindo.
Ouço Chet Baker enquanto recebo abraços do homem que eu quero e que me ama.
Na minha gaveta, passagens para qualquer lugar do mundo.
Os chatos não me suportam mais e querem manter distancia de mim.
Na minha rua, um parque de diversão, uma livraria com café, uma praia deserta, uma montanha e Recife lá na próxima esquina.
Vejo sorrisos de criança quando fecho os olhos e meus sentimentos são traduzidos em música, feito trilha sonora de filme.
A lua ficou maior e dura agora mais tempo, além de ter estacionado na minha janela.
Consigo desligar os ouvidos e durmo quando penso em dormir.

São 7:00 da manhã e a vida real me dá bom dia.

sábado, 6 de março de 2010

Encolhendo.


Examinei o abstrato. Raciocinei as batidas de dentro. Matematizei o equilíbrio.
Finquei meus pés no chão. Vi a lua e fechei os olhos, sem devaneios dessa vez.
Andei pelo caminho mais feio. Evitei músicas, poesias, flores, azuis.
Quis achar tudo uma bobagem e treinei o ceticismo.
Me entupi de Freud, Descartes, e a lógica da metafísica.
Achei respostas para tudo.

E a falta de lógica era eu querendo fugir de mim.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Para ela, minha mãe.




If you need me, call me
no matter where you are
no matter how far
just call my name
I'll be there in a hurry
you don't have to worry.

My love is alive
Way down in my heart
Although we are miles apart

´cause ain't no mountain high enough, for us.


Parece até encomendado pra nós, mãe. E é inevitável a pontada no coração quando me dou conta que não tenho mais teus batons emprestados, e nem tenho você aqui pra me puxar e dançar Bee Gees.
Você nem tá vendo, mas o espelho me diz que estou cada dia mais parecida contigo. E eu sorrio de tanta empolgação de te querer me mostrar. Aquele Christini que nos mantém tão unidas me dá bom dia junto com a realidade de te ter tão longe.
Eu sei, a gente vai levando como pode. Não, convenhamos, a gente não sabe levar coisa nenhuma. A danada da distância não veio com manual de instrução e administrá-la tem nos tomado o fôlego.

Mas pra consolar, eu canto que não tem montanha suficiente. Realmente a música parece ter sido encomendada pra nós. Mas o que esqueceram de acrescentar mesmo é que eu era feliz e não sabia.