O sono faz pesar os olhos, que parecem procurar o tempo inteiro. As curvas andam me interessando muito, mas quando se tem um objetivo, elas só fazem atrasar. Pensei em não pensar nas curvas. Pensei numa objetividade que me desconfortaria os ombros, mas aceleraria os passos. Desisti. Pensei somente em passos. Mais precisamente nos teus. Nos nossos. Me lembrei que costumo andar em diagonal e que geralmente provoco tropeços. Nunca os desejei tanto. Quando eu te achar vou te fazer tropeçar algumas vezes, sim?
Quando eu te achar não vou acreditar e vou pensar que ainda não achei. Quando eu te achar vou perder as chaves e a cabeça em todas as esquinas. Vou esquecer a parte do dia sem você pra o dia parecer melhor. Vou dar banana pra tristeza e comprar um livro de receitas mas não vou abrir porque eu te achei, então receitas e todo o resto das coisas vão me parecer menos importante do que me encher de você. Quando eu te achar vou pensar que toda música foi feita pra gente. Mas só porque nos achamos e os que se acham costumam pensar num mundo ao redor de duas almas. Poderão até existir almas achadas como as nossas, mas a gente não vai pensar nessa possibilidade. Mas que bobagem! Seremos um pouco tolos, entende? Tolos como esse texto. Mas é que só pensar em te achar faz meus olhos pesarem menos.
Que não queira falar comigo, mas não me deixe falando sozinha. Odeie, mas não faça de mim um caderno em branco. Seja arrogante, antipático, egoísta, mas por favor, não deixe de ser. Pense em não me querer, mas não me queira simplesmente bem. Corte minhas asas, mas não me faça voar baixo.
Imperativos dão um tom de sabedoria à fala. Sabedoria impõe certa responsabilidade. E responsabilidade me pesa os ombros. Conclui. Estado: Sendo leve. Como as asas desses passarinhos que vivem na cidade e ninguém percebe.
Mentes no menu automático enquanto roupas etiquetadas são penduradas como um troféu de consolo. Tenho pena.
Repetições de maiorias entregues à bandeja facilitam e brindam a uniformização cultural lucrativa. Tenho pena.