terça-feira, 6 de outubro de 2009

Não, não é fácil.


Acordar cedo e não te ligar pra você não perder a hora da escola e não ouvir tua voz que quase não sai assim que você acorda está acabando comigo.
Chegar na escola sabendo que na minha frente vai sentar qualquer pessoa, não você. Você não vai virar pra trás pra ouvir minhas abobrinhas no meio da aula, nem eu vou poder falar mal das pessoas que me irritam com a sinceridade que, se não fosse você quem estivesse ouvindo, me sentiria uma maluca.


E eu to aqui, colecionando idéias fúteis, idiotas e bobonas a serem postas pra fora, porque você não ta aqui pra me ouvir, e coisas assim eu só falo pra você. Achar desenhinhos nas nuvens, chorar a toa em filmes romantiquinhos, rir a tarde inteira no telefone da minha vizinha que anda de calçolão pela casa, não tem mais teus olhos compreensivos.

Também não vai ser fácil fugir dos palhaços que dão em cima da gente por ai, porque na companhia de mais quem além de ti vou ser tão cara-de-pau? : "Sorry man, i don´t speak portugues, sorry". Tudo bem que nossa cara super-nativa nunca enganou neguinho nenhum, mas já nos safou de tantas.

E mesmo quando eu quebrei tua cama desesperada e te fiz ficar acordada de madrugada até achar aquela barata, porque eu tenho super-pavor a baratas, mesmo você me odiando durante aqueles minutos você me dava “boa noite amiga” e ficava tudo bem. E eu odiava o fato de você ser sempre a primeira a dormir, e você odiava o de eu ficar tagarelando de madrugada. Não é fácil não ver você rindo da minha gargalhada e eu rindo do teu mal humor matinal. Também não é fácil passar a semana sem bolar nosso super-fim-de-semana que sempre ultrapassava o ultimo em nível de melhor fim-de-semana da minha vida.

Eu nunca te falei isso, mas eu adorava quando a gente brigava e as nossas brigas não duravam 1 hora. Por culpa toda e completamente tua, porque tu tens a droga do dom de sempre sorrir pra mim pedindo desculpas, e eu a orgulhosa sempre me auto-renunciava. Lembra daquele dia em que a gente voltou pra casa juntas sem falar uma palavra porque tínhamos brigado e você quando virou na sua rua, lá naquele sinal, mandou um coração pra mim? E eu ri do meu orgulho insignificante e senti tanto, mas tanto amor por ti que voltei pra casa desejando que você fosse eterna.

Não é fácil ter que rechear meu tempo com coisas legais pra fazer o dia ter graça. Porque quando você estava aqui não era assim, só precisávamos uma da outra e o mundo inteiro se fazia azul.

E com tantas pessoas acostumadas com a fugacidade das amizades superficiais, e com tantos sorrisos obrigatórios recheados de falsos “eu te amo”, eu hoje cheia de opções para novas amizades acho tudo muito hipócrita e sem graça.


Hoje pecando pelo excesso de carência quero mesmo é te ligar e dizer que sinto tua falta.

domingo, 13 de setembro de 2009

Utopicamente realista.


Aranhas desenham suas teias. Como numa busca incansável, procuram as medidas exatas para construir o seu lugarzinho, assim como os pássaros que constroem seu ninho. Cada milímetro quadrado projetado de si para si. Porque só aranha sabe o que aranha quer. Só pássaro sabe o que pássaro quer.

Hoje peguei-me pensando em meu lugarzinho. Sem muitas obsessões, falo do mínimo necessário pra eu me sentir dona de mim.
Seria essa busca uma utopia?
Porque por mais que digam que somos seres adaptáveis, eu sigo a teoria da inadaptação. Se é lei da natureza pássaro no ninho e aranha na teia, porque eu, ser capaz e racional tenho que me adaptar ao que não me pertence?

É quando então alguém toca no meu ombro e me constata que a procura do ideal é uma concepção ilusitória.
O que é ideal hoje, Raíssa, amanhã não vai ser. Porque também é natureza humana nunca estar satisfeito. Seja Deus em dias de domingo que você vai me entender. Acorda pra realidade!
É então que eu digo: I always want more. Até aceito as conseqüências da frustração, porque mesmo sabendo que não existe céu que não tenha céu, antes a frustração por algo batalhado do que o arrependimento de nunca ter ido a guerra.

Alguém há muito tempo atrás mostrou que eu posso ser o que eu quiser. Tenho o poder nas mãos. Eu posso! Dizer isto me faz dona do mundo. E não adianta vir com essa estória de ficar na zona de segurança porque não foi pra estar cercada de grades ou alarmes que eu nasci. Se meu ninho for a 500.000 pés, é pra lá que eu vou.

Porque se tem uma coisa que é indiscutível é : em ninho não habita aranha, ou habita?

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Eu gosto mesmo é de vida real.



Sentir falta tem me tomado muito tempo, mas nessas reflexões acabei chegando a uma conclusão: Internet não é o lugar mais interessante do mundo. Agora, é nada mais do que o ultimo lugar coberto no meio de uma chuvarada. Na hora do desespero, ‘vai esse mesmo’.
Tô falando disso porque com o tempo a gente vai percebendo que gente de carne e osso não entra numa telinha de computador. Com o tempo a gente aprende a reinvidicar o ao vivo, o abraço forte que budde poke nenhum faz igual. E acabamos entrando no clube do pessoalmente, dos não online.


Vamos ao meu exemplo. Em Recife eu tinha todos a passos de mim. Entre aquela facilidade de se tombar com meio mundo e a vontadezinha de não tombar eu até acabava evitando certos lugares em dias de tô pra ninguém. Hoje arrependo-me aos montes por cada estratégia montada pra fugir das tias-avós que nos alugam pra falar da dor de coluna.
Hoje aprendi a me contentar em ver minhas primas pela web, meus irmãos por fotos e apenas ouvir a voz da minha mãe. É como ter fome e um banquete na sua frente sem poder tocar em nada, no máximo sentir o cheiro te provocando.

E agora mais do que ninguém sou a favor da teoria do mutualismo. Porque pra começo de toda a história, foram necessários dois. Uma via de mão dupla, uma conexão, dois corações batendo juntos. Adão e Eva existindo pra comprovar que o mundo não vai pra frente sozinho.

Só sei que aprendi a lição e tenho aqui guardado os abraços e carinhos que torturantemente ficaram só na vontade e se perderam na distância. Tenho aqui uma vontade louca de tombar com a tia avó do meu vizinho e ouvir ela falar da dor de coluna que incomoda, mas no final ganhar um “que bom que te encontrei”.

O calendário diz que faltam 4 dias, a música tá na minha cabeça, só falta cantar e partir pro abraço.


Voltei Recife, foi a saudade que me trouxe pelo braço.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Pessimismo

O céu tá azul, mas parece que só eu estou vendo a tempestade.

Alguém me dá uma bomba pra explodir todos os estados e trazer São Paulo pra bem pertinho de mim?

Melissa vai se mudar, e as coisas por aqui não vão nada bem, o negativismo tá reinando, logo agora que eu deveria passar força com um tom imbatível e dizer que nada vai mudar e que o tempo não vai criar artrizes entre nós, ainda assim só vejo ele ditando nossa amizade daqui pra frente.
Talvez acreditar em papai noel fosse mais fácil.

A vida dá voltas, pulos e piruetas, e eu tô quase como bailarina desengonçada e perdida no espetáculo.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Sem título.


Eu tô no embalo.
Mudando o tom.
Sainda da estrada.
Eu tô sem tá.
Me lixando pra acentos, formalidades, combinações de bege com cor de abóbora.
Eu quero o que me interessa.
Ponto.

Quero que meu pai e minha mãe sejam eternos. Quero o livro que eu devolvi sem terminar. Quero menos falsidade, menos falsidade e... já falei menos falsidade?
Eu quero minhas primas mexendo no meu cabelo. Quero meus irmãos no quarto do lado. Quero São Paulo e Recife a um passo daqui. Quero acabar com a distância, mas contraditoriamente quero mandar gente pra Marte, pra bem longe de mim, por favor.
Quero chocolate amargo sem dar espinha. Quero que o politicamente correto vá se ferrar. Quero espaço pra minha inconstância.

Quero o que não devo ter.
Quero o que não posso ter.
Quero o que não presta.

domingo, 3 de maio de 2009

Pé no chão


O chão sempre significou muito pra mim. Chão é o ultimo ponto que ninguém ousa ultrapassar. É aquela superfície que te acorda quando o sonho tava bom e você caiu da cama. E que, como notícia de previsão de sol em feriado, é a segurança. Sustenta tuas danças desengonçadas, teus passos tortos.
Porque por mais que as intenções sejam sempre boas, a gente às vezes entorta um pouco o curso que deveríamos tomar. Talvez por rebeldia, impulsão, coragem. A soma de tudo aquilo que te faz querer evoluir, sair da amarga mesmice que só te aprisiona a um futuro ditado.

Eu não quis um futuro ditado. Optei pela emoção da contramão, que, como toda novidade, tinha lá seu risco. Assinei meu nome, recebi o embrulho – imbróglio –. Problema é quando tem capa pintada de cheiro bom, a gente gosta, aperta play e seja o que Deus quiser.

É quando vem o outro lado da moeda: as coisas vão mal, e eu escolho
não ir junto com elas. Aperto stop. Sangra, cicatriza, aprendo.

Ai eu me lembro do alicerce. Respiro fundo, renovo as armaduras e olho pra baixo.
Do chão não passa.