terça-feira, 19 de maio de 2009

Sem título.


Eu tô no embalo.
Mudando o tom.
Sainda da estrada.
Eu tô sem tá.
Me lixando pra acentos, formalidades, combinações de bege com cor de abóbora.
Eu quero o que me interessa.
Ponto.

Quero que meu pai e minha mãe sejam eternos. Quero o livro que eu devolvi sem terminar. Quero menos falsidade, menos falsidade e... já falei menos falsidade?
Eu quero minhas primas mexendo no meu cabelo. Quero meus irmãos no quarto do lado. Quero São Paulo e Recife a um passo daqui. Quero acabar com a distância, mas contraditoriamente quero mandar gente pra Marte, pra bem longe de mim, por favor.
Quero chocolate amargo sem dar espinha. Quero que o politicamente correto vá se ferrar. Quero espaço pra minha inconstância.

Quero o que não devo ter.
Quero o que não posso ter.
Quero o que não presta.

domingo, 3 de maio de 2009

Pé no chão


O chão sempre significou muito pra mim. Chão é o ultimo ponto que ninguém ousa ultrapassar. É aquela superfície que te acorda quando o sonho tava bom e você caiu da cama. E que, como notícia de previsão de sol em feriado, é a segurança. Sustenta tuas danças desengonçadas, teus passos tortos.
Porque por mais que as intenções sejam sempre boas, a gente às vezes entorta um pouco o curso que deveríamos tomar. Talvez por rebeldia, impulsão, coragem. A soma de tudo aquilo que te faz querer evoluir, sair da amarga mesmice que só te aprisiona a um futuro ditado.

Eu não quis um futuro ditado. Optei pela emoção da contramão, que, como toda novidade, tinha lá seu risco. Assinei meu nome, recebi o embrulho – imbróglio –. Problema é quando tem capa pintada de cheiro bom, a gente gosta, aperta play e seja o que Deus quiser.

É quando vem o outro lado da moeda: as coisas vão mal, e eu escolho
não ir junto com elas. Aperto stop. Sangra, cicatriza, aprendo.

Ai eu me lembro do alicerce. Respiro fundo, renovo as armaduras e olho pra baixo.
Do chão não passa.

quarta-feira, 29 de abril de 2009


"Eu me tranquilizei dizendo-me que o que fazíamos não é um empreendimento tão isolado e tão arrojado. No entanto, não é que o trabalho seja fácil. Por quê? Porque, por uma singular fatalidade, todo empreendimento humano, e especialmente os empreendimentos difíceis, tendem sempre a uma recaída, por causa desta alguma coisa de misteriosa que se chama a preguiça."(Lacan, 1955-1956)





Cama, te pertenço!

domingo, 12 de abril de 2009

Meu porteiro.


Dizem por ai que felicidade é contagiante. Dizem por ai que bons ares geram bons ares. Eu agora entendo.

Agora, vejam vocês como uma situaçãozinha cotidiana pode influenciar mundos.

Meu porteiro. Todas as manhãs lá estamos nós: eu, meu sono e o meu “bom dia” xôxo, cumprindo mais uma rotina: go to school. Mas peraê rotina quando é surpreendida é sinal de novidade. E, se vocês não sabem, saberão agora, eu amo novidade! E amo mais ainda novidade quando é realmente inovada, não do tipo de “oi, comprei um carro novo”, mas “oi, comprei um carro laranja!”. Novidades e rotinas a parte, meu porteiro continuava lá, provavelmente tão cansado quanto eu, mas com certeza muito mais esperto do que quem vos fala: ele não se deixou levar.

Confesso que na primeira vez que nos tombamos pensei que sua reação fosse conseqüência - 4 anos pra me adaptar, hein - de um dia bom, vai saber. No terceiro dia estava já chegando a conclusão de que ele era meio maluco, vai saber. No quinto ele estava dando em cima de mim, vai saber. E eu, insistindo na idiotice de julgar, se querem realmente saber.

Isso tudo, porque meu porteiro tem um bom humor invejável. Enquanto o meu ‘bom dia’ terminava com um ponto, o dele com 10 exclamações, e um sorriso de brinde. E mesmo com a má educação matinal rondando os ares, ele com golpes de gentileza ainda insiste em ser miseravelmente agradável. Ai, pisou em mim feito seu madruga no chapéu. Droga, como ele consegue?

E sinceramente acho isso uma baita lição. Vivemos em um mundo em que se você não está na moldura daquilo que chamam de normal, você pede pra ser subjulgado por olhos gordos. Porque como dizia vovó Judá, quase sempre no fundo de um julgo habita uma pontada de dor de cotovelo.

Quer entrar na moldura da normalidade?
Siga as regras da rendição.
Dance, mas se possível com um copo na mão pra não perder o controle. Ria, mas ria baixo. Cante, mas nada de ultrapassar os decibés permitidos. Ah, e o sorriso tá largo demais, vai saber o que vão pensar, né.

HAHAHA, como se felicidade fosse algo controlável.

Alguém quer cantar na chuva comigo?

quarta-feira, 8 de abril de 2009

What romance is.

Margarida has a strange appeal
Sways between suitors on a broken heel
Of course her desires they always mistook
She'd rather've been scarred than be scarred with loathe

In conversation she often contends
Costumes build customs that involve dead ends
She found her courage in a change of scene
This Sunday's social would be short its queen

All her best years spent distracted
By these tired reenactments
With the right step she'll try her chances
Somewhere else

There he is a step outside her view
Reciting the words he hoped she might pursue
Night upon night a faithful light at shore
If he'd only convince his legs across the floor

Please, don't watch me dancing
Oh no, don't watch me dancing

Something changes when she glances
Enough to teach you what romance is
With the right step they try their chances
Somewhere else.


(Don´t watch me dancing - Little Joy ) clica!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Segredo


Engraçado, olhar as estrelas sempre me fez sentir uma sensação rara de estar no lugar certo. Não sei se é porque olho as estrelas quando tenho um bom motivo e uma boa inspiração, e, consequentemente as circunstancias estão sempre boas, mas olhá-las é quase como uma terapia, terapia da boa situação. Me faz acreditar que tá bom demais, e sim, é verdade!

Enquanto as admiro, lembro-me da historinha que minha mãe contava quando alguém morria. Ela dizia que logo em seguida Deus iria escolher um lugar no meio da imensidão do céu para ser seu e virariam estrela. E a partir daí passariam a brilhar para sempre. Se tivessem sorte, encontrariam alguém aqui na terra para admirá-las.

E esse era o desejo de todas as estrelinhas, encontrar alguém que parasse um pouco na vida, e apreciasse essa outra vida, bem mais imensa, luminosa e eterna. E assim que a estrelinha conseguisse um admirador, passaria a ele pelo brilho da luz, um segredo, uma inspiração, a coisa mais bonita que ela já descobriu.

Hoje, já crescida e cética das historinhas da mamãe, penso que nessa deve ter um quê de verdade. Não tão fantasioso assim, mas na mesma essência. Hoje, prefiro não pensar muito na biologia das estrelas. Hoje, quero acreditar, e com a velha inocência do meu lado. Aquela que mantinha meus olhos brilhando e o mundo a minha volta. Hoje, definitivamente quero acreditar que o mundo é lindo, maravilhoso e cheio de estrelinhas.


Acho que os poetas costumavam ver muitas estrelas no céu.
Quer saber? Quero encontrar a minha.


Passei a olhar um pouco mais pra janela, pras pessoas que passam e pra natureza. A vida é boa demais pra ser passada despercebida. A vida é isso, é aquilo, e não importa, a vida está sempre perto. Talvez falte só a nossa iniciativa, o nosso primeiro passo. E ponto, olhos atentos.


"Look at the stars,
Look how they shine for you,
And all the things that you do."

(Coldplay - Yellow)