domingo, 17 de outubro de 2010

Entrega


Andando pelas tuas ruas, te sinto meu. E com tal sina, me entrego: meus lábios gostam do gosto amargo que é te pertencer.
Beijo tuas esquinas, ponta a ponta. Acarinho tua história e cuido de tuas feridas. Cuidar de feridas seria assim uma prova de amor?
Em troca, quero ouvir tua voz, vinda de que forma for. Grite, cante, me declame uma poesia.
És um amor dos mais inconvenientes. Roubas meu fôlego, brincas com minha tranqüilidade e grudas em minha pele. Tua lama suja não me faz te querer menos.
Cafajeste, diriam os insolentes. Eu diria confuso.
Meu confuso Recife.

6 comentários:

Roberto B. disse...

um dia ainda vou conhecer essa confusão e me perder.


belíssimo escrito!

Fernanda Spinosa disse...

sinto sua falta, menina das palavras.

Mari Machado disse...

como sempre, genial! sauadades gata
www.sutilmentemariana.blogspot.com

Letícia Moura disse...

Rah, seu blog é FANTASTICO! amo, amo e amo! Sempre encontro coisas maravilhosas aqui! Coisas de Rah.

jacqueline götzl disse...

seu feio e calorento Recife que vc tanto defende! Beijo amiga

Luquez disse...

"Os carangueijos já estão espumando, e os homens já estão babando.
É a baba e a espuma da fome.
Pois lhes digo, senhores,
que Recife está afundando,
NA LAMA!"

Chico Science.