Sob a sola dos pés estão meus desejos efêmeros,
alígeros.
Tudo aquilo que na mesma avidez fez o suicida,
faz o sopro lépido de proeza e vida.
E não ficando amo a liberdade,
vento sem norte. (e sem rima)
- Não se ofenda, liberdade. Mas seria possível encontrar um par de pés descalços?
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
segunda-feira, 27 de junho de 2011
sexta-feira, 15 de abril de 2011
O verão lá fora
Ele tem uma mania de dormir bonito. Não ronca nem sequer babinha escorrendo da boca. Pra provar que é de verdade, permite uma remela no canto do olho. Mas ainda mais ou menos acorda e te puxa pra perto, fazendo-te reparar que um braço nunca substituiu tão bem um travesseiro.
E é a beleza da remela no canto do olho que te faz adorar a idéia de desistir do verão lá fora. De calor o seu hálito basta.
Enquanto ele escova o dente, você dá um passo pra trás e imagina que aquelas costas deveriam estar escondidas num lugar do seu quarto pra você tirar de vez em quando. Então você pensa nos olhos, coxa, braço e já não tem mais espaço pra tantos pedaços. Mas você tem ele inteirinho e aceita, por que não?
Porque você conseguiu substituir um braço.
E ele, de costas, indo embora, não te incomoda mais.
E ele, de costas, indo embora, não te incomoda mais.
Agora quem te acorda é o sol do verão lá fora...
quarta-feira, 9 de março de 2011
Sem borracha.
E eu, quase um menino, só queria mesmo era poder sair por ai com minha roupa confortável e mandar o cara que não me reparou se danar. Porque eu desprezo do fundo da minha alma mulheres que vivem em função disso.
E se eu não quiser descer até o chão, ainda vou ser mulher? Se meu corpo não for um outdoor ambulante movido a olhares, também?
Essa mulher quase menino continua assistindo filminho água com açucar e perde o sono por pensar tanto em como a vida seria com os finais felizes. É insegura e tem seus medos, vai precisar que a peguem no colo, que reparem na sua cintura, que percebam que sim, ela é frágil e quer que a ame, mas que deixe-a também ser. Ser além de uma bunda, de um rosto bonito e do próprio prazer. Ser isso que se é quando se descobre o que não foi reparado.
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Hoje eu decidi não me arrepender.
Lembra-se da festa lá em meados nos anos 90 quando ele te chamou pra dançar e você se encantou com a suavidade das mãos na sua cintura? Ele sequer a conhecia, mas entre uma música e outra sussurrou no seu ouvido que não iria te deixar escapar. Ousadia que a fez tremer as pernas e sentir o coração gritar.
Na semana seguinte planejavam casa com cerquinha branca, decidiram juntar as escovas de dente e a estrada. Arrebatador, intenso e inconseqüente. Você nunca se sentiu tão viva.
Hoje eu decidi não me arrepender. O que hoje posso chamar de meu, é fruto de pequenas intervenções de diferentes pessoas e momentos. Amigos que hoje parecem tão distantes foram testemunha daqueles tipos de felicidades momentâneas que tanto fazem parte da vida. Amores com quem tantas vezes me fiz em pedaços pra sentir a sensação doce de juntá-los e que tanto fizeram desse meu coração um atleta.
A vocês, o meu álbum de fotos, a minha lembrança, meus momentos de nostalgia e principalmente, o meu não arrepender-se.
domingo, 17 de outubro de 2010
Entrega
Andando pelas tuas ruas, te sinto meu. E com tal sina, me entrego: meus lábios gostam do gosto amargo que é te pertencer.
Beijo tuas esquinas, ponta a ponta. Acarinho tua história e cuido de tuas feridas. Cuidar de feridas seria assim uma prova de amor?
Em troca, quero ouvir tua voz, vinda de que forma for. Grite, cante, me declame uma poesia.
És um amor dos mais inconvenientes. Roubas meu fôlego, brincas com minha tranqüilidade e grudas em minha pele. Tua lama suja não me faz te querer menos.
Cafajeste, diriam os insolentes. Eu diria confuso.
Meu confuso Recife.
Assinar:
Postagens (Atom)