sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Segredo


Engraçado, olhar as estrelas sempre me fez sentir uma sensação rara de estar no lugar certo. Não sei se é porque olho as estrelas quando tenho um bom motivo e uma boa inspiração, e, consequentemente as circunstancias estão sempre boas, mas olhá-las é quase como uma terapia, terapia da boa situação. Me faz acreditar que tá bom demais, e sim, é verdade!

Enquanto as admiro, lembro-me da historinha que minha mãe contava quando alguém morria. Ela dizia que logo em seguida Deus iria escolher um lugar no meio da imensidão do céu para ser seu e virariam estrela. E a partir daí passariam a brilhar para sempre. Se tivessem sorte, encontrariam alguém aqui na terra para admirá-las.

E esse era o desejo de todas as estrelinhas, encontrar alguém que parasse um pouco na vida, e apreciasse essa outra vida, bem mais imensa, luminosa e eterna. E assim que a estrelinha conseguisse um admirador, passaria a ele pelo brilho da luz, um segredo, uma inspiração, a coisa mais bonita que ela já descobriu.

Hoje, já crescida e cética das historinhas da mamãe, penso que nessa deve ter um quê de verdade. Não tão fantasioso assim, mas na mesma essência. Hoje, prefiro não pensar muito na biologia das estrelas. Hoje, quero acreditar, e com a velha inocência do meu lado. Aquela que mantinha meus olhos brilhando e o mundo a minha volta. Hoje, definitivamente quero acreditar que o mundo é lindo, maravilhoso e cheio de estrelinhas.


Acho que os poetas costumavam ver muitas estrelas no céu.
Quer saber? Quero encontrar a minha.


Passei a olhar um pouco mais pra janela, pras pessoas que passam e pra natureza. A vida é boa demais pra ser passada despercebida. A vida é isso, é aquilo, e não importa, a vida está sempre perto. Talvez falte só a nossa iniciativa, o nosso primeiro passo. E ponto, olhos atentos.


"Look at the stars,
Look how they shine for you,
And all the things that you do."

(Coldplay - Yellow)

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Sainda da moldura



“Ah é? É assim que funciona? Ta né, tudo bem.”

Como tudo bem, se estamos diante do mais infeliz circulo vicioso da atualidade? Como? Talvez em matéria de inconformidade eu peque pelo excesso, mesmo não entendendo qual a regra que determina o tal limite. Mas não tem jeito, gosto de pensar nisso como algo bom, mesmo que só funcione daqui pra dentro, onde o meu grito inconformista realmente faz eco, e toma uma proporção absurdamente refletida. Tenho pisado em muitos calos por aí e levado muitas rasteiras por conta disso, mas agradar aos outros com os meus pensamentos não está nos meus planos, e dançar conforme a música também não.

Lá vai.
Foi-se o tempo em que autenticidade era coisa fácil de encontrar. Foi-se o tempo em que inteligente era adjetivo louvável e cobiçado. Foi-se o tempo em que fruta era meramente uma fruta, melancia era meramente uma melancia, cachorra era a namorada do cachorro e mulheres eram meramente mulheres, que valiam muito mais do que a quantidade de carne no traseiro e até onde ela consegue rebolar. Foi-se o tempo em que revisão de caráter estava acima da revisão do guarda roupa. Foi-se o tempo em que dinheiro, popularidade, bunda grande, roupas de moda e consumo andavam bem distantes da capacidade mental e da quantidade de neurônios ativos.

Foi-se o tempo em que a hipocrisia da mídia não servia de bússola para nossas vidas e nem ditava nossas opiniões. Foi-se o tempo em que revistinha de menino era gibi, e playboy era um nome desconhecido na infância. Foi-se o tempo em que a nerdzinha da sala que perdeu tanto tempo lendo tinha lá seus merecidos aplausos.
Estamos no tempo em que tempo pra futilidades é o que se tem de sobra.
Devemos estar andando muito distraídos, porque eu não sei o que nos deu pra tanta inversão de valores. Eu não sei o que nos deu pra tanta adaptação, tanta camuflagem.
Camaleão pra mim é bicho.
Mais que uma rebelde sem causa, sou uma rebelde com motivações. E conhecimento pra mim é combustível inesgotável.


"De nada adiantam o brilho e a vontade de mudar de sua mente, se não brilha em sua garganta a coragem de gritar." (Lendro Scavacini)

sábado, 17 de janeiro de 2009

Ele não se rende


E novamente lá estava ela, malas, coração e incertezas ela levava consigo. O seu otimismo convincente sobre o futuro permitia a ela um olhar averso das coisas, apesar das intensas mancadas que a vida lhe dera. Mas o que ela não sabia era que aquele olhar que mudaria tudo, por ser simplesmente tão fora de lógica e tão incomum. Ela olhou pra primeira estrada do seu novo mundo e ao invés de buracos viu oportunidades. A estrada era como qualquer outra, mas aqueles caminhos tão desconhecidos despertavam nela uma força de vontade que ardia como a chama do recomeço. E lá estava a menininha, recomeçando e apreciando as flores do caminho.


Eu e meus textos sem contexto.

2009. U-A-U.
Como dizia Carlos Drummond, "dividir" o tempo assim em "fatias", além de melhor nos orientar, dá-nos o privilégio do recomeço. A cada ano que surge, a gente quer queira ou não escapole essa palavrinha tão milagrosa. “Recomeçar”. Com um ato sutil, ela nos impulsiona, nos reavive, a esperança muitas vezes escondida durante muito tempo do ano que se passou, dá novamente o seu ar da vida, literalmente.


Quem aqui nunca em começo de ano pensou em novos –ou até mesmo persiste novamente naqueles- alvos, metas e objetivos? Depois de muito meu pai insistir, finalmente me rendi ao planejamento. Escrevi duas páginas de alvos para 2009 e rezei por elas. Os olhos não só se fecharam como apertaram.

Desejei, acreditei. Um otimismo convincente veio a mim, me rendi a rara sensação de que vai dar tudo certo e descansei os braços. O coração, esse não descansa, continua o mesmo. Impulsivo, mandão e atleta. Que mesmo vendo sentido na lógica, não consegue sentir com ela. Uns tombos estão inclusos nessa minha estrada guiada por ele, mas gosto de pensar que valeu a pena cada arranhão.

E enquanto meu lugarzinho nesse mundo vai sendo achado, apreciar as flores do caminho é a melhor alternativa. Deixo a razão de lado e sinto não mais com o nariz o perfume das flores. O coração novamente falou mais alto.
E Feliz 2009 para nós! (: .

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Grito


Se tem algo que ninguém pode me tirar é o direito a voz. E certas coisas funcionam em mim como coceira no nariz.
Há quem diga que me arrisco demais, mas aqui dentro a teoria do “cada um no seu quadrado” nunca foi bem-vinda. Mesmo que, sair da minha zona de segurança signifique suor, estresse e preocupações extras, daquelas que interferem no meu tão e desejado “bem-estar”. O individualismo de hoje em dia me sufoca e mais uma vez, eu me invoco e não me calo. Calo, machucado que incomoda nosso pé, e por isso tiramos o sapato. É assim que funciona.

Tirar o sapato e atirar no descaso, na prepotência, na ignorância sobre fatos de necessitam de nosso entendimento. Na falta de amor e sensibilidade, no “minha felicidade é o que importa, e ela não depende da sua. Nada deve impedir minha satisfação pessoal. Primeiro eu, depois eu. Acorda Raíssa, os tempos evoluíram minha filha, agora é cada um por si, assim diz o sistema”.
Chamem de caretice, mas se isso for evolução, que me levem para o tempo das cavernas que me adaptarei melhor. 


Os insatisfeitos sentem calor e inventam o ar condicionado, sentem saudade e inventam o telefone, sentem dor e inventam o remédio, sentem amor e inventam a música.
Os insatisfeitos simplesmente mudam.
E mudança é o que eu mais quero.

sábado, 22 de novembro de 2008

Tradução de felicidade


Felicidade. Muito se fala, todos perseguem, poucos reconhecem. Foi pensando nisso que voltei do balet hoje a tarde. Senti algo inexplicável no final do ensaio, quando a música instrumental ainda tocava e todos iam embora. Meus pés ainda doiam, minha coxa pedia sossego, mas minha cabeça -ou seja lá o que guarda esses sentimentos-  nunca esteve tão bem. Deitei no chão na posição mais agradável possível e viajei nas notas do piano. Então percebi que aquilo pouco me fazia feliz. E sabe, como é bom descobrir que sua felicidade não depende de coisas inalcançáveis. Foi então que senti mais felicidade ainda. E no caminho de casa, fiquei tentando reconhecer o que me traz sensação semelhante. Listei antes que esquecesse.

Felicidade para mim é sentir cheiro de pão de queijo quase pronto. Ouvir música com sentimentos. Fazer bolo e lamber a panela.
Felicidade para mim é ter o pai como exemplo, a mãe como companheira e os irmãos como parceiros. É receber ligação de vez em quando da prima de 8 anos de Recife pra dizer que está com saudades da “Rarrá” e cartinhas com declarações de amor mais puras que possam existir.

Felicidade para mim é acordar dia de domingo e ficar enroscada com o edredom até tarde. É ir a praia já pensando no picolé do tio da esquina. É ouvir no telefone a voz da prima distante, dizendo que a saudade dói, mas nada mudou entre nós. Felicidade aqui é ler poesia, rever fotos antigas e lembrar da infância com saudade. É alugar muitos filmes, ver bob esponja e rir das piadas idiotas do Silvio Santos enquanto almoço. Ganhar abraços consoladores, palavras compreensivas e pegar na mão dele.

Felicidade para mim é ganhar chocolate, ouvir um “eu te amo” sincero, ganhar “xero” de criança. É reunir os melhores amigos, é ter melhores amigos. Felicidade para mim é cantar no banheiro, dormir com talco, meias, e consciência limpa. É saber que o sol nasce para todos e que por mais que a coisa esteja preta, existem outras cores pra pintar a vida.

Felicidade é poder reconhecer tudo aquilo que me faz tão feliz.


Um pouco de interação...
E você? O que te faz feliz? Responda nos comentários!